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Sentir e agir

A importância das emoções


O filme Divertida Mente, lançado pela Disney e Pixar em 2015, foi sucesso de público ao transformar em personagens as emoções de uma menina de 11 anos, Riley, em um período de grandes transformações. Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojo – responsáveis por processar informações e armazenar as memórias da garota – vivenciaram uma série de conflitos, que refletiram no comportamento turbulento da adolescente, até reequilibrarem-se.


O título original da animação, em inglês, é “Inside Out”, e pode ser traduzido como “De dentro para fora”. Muito mais significativo que a versão brasileira, o título original evidencia que as ações humanas são reflexo de suas emoções: quando estão alteradas, desajustadas, o comportamento também tende a acompanhar a desordem emocional.


Como passamos boa parte de nossas vidas ignorando as nossas emoções, pois somos educados em uma cultura cuja regra é valorizar a mente racional e tratar os sentimentos como fraqueza, conhecemos pouco de nós mesmos e, sobretudo, dos motivos reais que nos levam a experimentar sensações ruins de medo, raiva, insegurança, impotência, fracasso e tristeza, por exemplo. Logo, falta à maioria de nós aquilo a que a Psicologia chamou de “inteligência emocional”, ou seja, a capacidade dos indivíduos em reconhecer e avaliar os seus próprios sentimentos e os dos outros e de lidar com eles.


Equilibrando teoria e prática, são abordadas questões profundas, como: relações de equilíbrio entre pais e filhos, ordens do amor, amor saudável e doentio, origem e finalidade das doenças em nossas vidas, prosperidade financeira e sucesso profissional, entre outros temas. Mas é importante frisar que todas as atividades visam levar o participante a se conhecer melhor, a encontrar a sua parcela de responsabilidade como parte dos seus problemas e, sobretudo, da solução dos mesmos.


São diversas as teorias sobre as emoções naturais e aprendidas pelos humanos ao longo de sua vida. No entanto, a vertente que nos interessa aqui é a do seu papel como agente causador de comportamentos negativos, de doenças e de memórias traumáticas. Isto porque a forma como cada indivíduo sente e reage aos acontecimentos do seu dia a dia é importante para a sua saúde emocional, da qual depende diretamente o seu bem-estar físico e mental.


Não para menos, as doenças emocionais estão entre as principais preocupações da Organização Mundial da Saúde (OMS), a qual já considera, por exemplo, a depressão como “mal do século”. A estimativa é a de que mais de 300 milhões de pessoas sofram desse transtorno em todo mundo, porém, menos da metade recebe tratamento adequado. Ainda segundo dados da OMS, em alguns países, menos de 10% dos doentes têm tratamento.


Mas não é só. Percebemos o impacto negativo das emoções mal administradas quando não conseguimos mais gerir com sabedoria alguns ou todos os campos da nossa vida. Nesse momento, começamos a gerar e a acumular experiências ruins e a sofrer.


Todos deveriam aprender desde pequenos a lidar com essa parte essencial do nosso ser. Autoconhecimento deveria ter a mesma relevância que o aprendizado da leitura e da escrita em nossa sociedade. Infelizmente, ainda não é assim. E até que este novo tempo chegue, aqueles que reconhecem a importância desse aprendizado ou que estão em sofrimento podem encontrar acolhida, compreensão e cura na terapia e nos grupos terapêuticos.