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O trato da vida reflete o trato para com a mãe

Simbolicamente, ela é a expressão da própria Vida


Existe um ditado bastante popular entre as mulheres segundo o qual, para se conhecer um homem, deve-se observar como ele trata a própria mãe.


Há inúmeras distorções a despeito da aparente “sabedoria”, mas o ponto sobre o qual focaremos hoje atinge tanto os homens quanto as mulheres, pois a vida nos trata a todos conforme tratamos a nossa mãe.


Segundo Bert Hellinger, psicoterapeuta e criador da Constelação Familiar, simbolicamente, a mãe representa a Vida. É em seu ventre que todos nós tomamos forma, somos alimentados e amparados até a chegada a este mundo. É dela que provém o primeiro alimento nas fases iniciais após o nascimento.


O problema é que, na infância, a criança vivencia muitas situações traumáticas – e, aqui, não vamos nos ater sobre a profundidade delas. Se não forem superadas na fase adulta, essas dores se transformam em conflitos de aceitação da mãe como ela foi ou é.


Essa rejeição, geralmente, reflete-se como insucesso profissional, sérias dificuldades pessoais e financeiras e falta de apreço pela vida.


Isso ocorre, conforme Hellinger, porque negar a mãe infringe as chamadas “ordens do amor” ou as leis naturais da vida saudável e próspera: ao criticá-la e julgá-la, o filho sente-se maior que a própria mãe, violando a lei da hierarquia (dos mais velhos para os mais novos); mantendo esse comportamento, nega-a em seu coração, excluindo-a de si, quebrando a lei do pertencimento (todos os membros de uma família têm direito de pertencer ao sistema familiar); por fim, não havendo troca amorosa com a mãe e, portanto, com a própria vida, fere-se a lei do equilíbrio de trocas (dar e receber amor).


Mas como restabelecer vínculos de afeto quando as relações foram muito traumáticas ou com as mães falecidas ou desconhecidas? Sabemos que esse não é um processo fácil, entretanto, é necessário para que todos sigam em paz e felizes com as suas vidas.


Suscintamente, podemos dizer que, para harmonizar-se com a própria mãe, não é necessário concretizar um encontro na vida real e, sim, lidar com a mãe internalizada em nossas emoções.


Muitos de nós preserva uma mãe distorcida e má, que não nos atendeu pronta e perfeitamente quando assim exigimos na infância. É preciso ressignificar esse conceito, ir profundamente ao cerne das dores infantis e libertar-se do ideal construído pela nossa criança.


Após esse processo, é possível acolher internamente a mãe, ser-lhe sinceramente grato por ter recebido o necessário para viver e responsabilizar-se por fazer algo melhor com o que foi dado.


Bert Hellinger classifica esse movimento como o de “tomar a mãe”. Quem toma a mãe em seu coração sente-se mais pleno e alegre, torna-se uma pessoa livre para continuar a sua jornada de vida e para viver grandes e transformadoras experiências.