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Criança interna

Traumas e dores da infância interferem em nossas escolhas se não forem tratados


Nas Constelações Familiares Sistêmicas, em nosso grupo de Estudos e Práticas Terapêuticas, nas sessões de terapia ou mesmo nos posts, usamos, frequentemente, a expressão “criança interna” para falar de dor e de cura. E, hoje, vamos explicar melhor o que o termo significa.


Tudo aquilo que vivemos na infância impacta a nossa vida, principalmente, no período de 0 a 7 anos. Nessa idade, absorvemos tudo a nossa volta, mas não contamos com a maturidade necessária para significar corretamente ou de uma forma positiva os traumas que vivenciamos.


Mesmo que os pais tenham dado e feito o seu o melhor, ocorre de, em algum momento, a criança ter se sentido rejeitada ou não ter tido uma necessidade atendida, que lhe causou grande dor. E pode ser, ainda, que tenha tido uma infância extremamente conflituosa.


Questões mal resolvidas, esquecidas ou não vistas nesse período acompanham o nosso desenvolvimento, de maneira geral, inconscientemente. Vão constituindo o nosso campo minado emocional, a nossa sombra, e tendem a moldar a nossa forma de agir e reagir a situações diversas no cotidiano até serem curadas.


Um exemplo simples é o de uma criança que se sentiu abandonada quando pequena. Pode ter tido pais zelosos, mas, em algum momento, ela se sentiu desamparada e essa sensação causou uma dor tão profunda que o medo do abandono – na vida adulta identificado vagamente como um “medo de origem desconhecida” – passa a interferir em suas escolhas pessoais, profissionais e familiares e de modo negativo, pois é muito provável que não sinta segurança em viver autonomamente suas escolhas.


Outro exemplo bastante recorrente – e nem sempre perceptível como ações da criança interior – é quando observamos os outros ou a nós mesmos agindo de modo infantil, dificultando a resolução de conflitos, atribuindo a outros a responsabilidade de uma situação infeliz ou agindo como vítima.


São atitudes infantilizadas porque quem se põe no comando dessas ações cotidianas é aquela criança do passado, dolorida e que não tinha condições de resolver seus problemas, então, fez birra, tentou manipular os adultos com jogos emocionais para se beneficiar de alguma maneira ou inventava histórias mirabolantes para justificar dramas infantis.


Essa criança precisa ser compreendida, acolhida e curada por nós, adultos. Uma vez que esse processo se realiza, temos mais força e autonomia para administrar a nossa vida, resolver os nossos problemas e fazer escolhas muito mais saudáveis e conscientes.