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Lições da quarentena

O que o isolamento social pode nos ensinar


Voltar-se para dentro – e não por escolha. Distanciar-se das pessoas que amamos, dos lazares que nos distraem, dos objetos de consumo que nos atribuem status. Viver a insegurança da falta de trabalho, da perda de investimentos. Dar-se de conta de que, enfim, a vida é soberana e nos põe em nosso lugar quando decide agir, porque não temos controle sobre nada, exceto sobre as emoções e, a partir delas, como iremos reagir.


Esta é uma crise sem precedentes. Apocalíptica sem nenhum exagero. A palavra origina-se do termo grego “apokálypsis”, que significa revelação. É formada por “apo” – tirado de – e “kalumna” – véu. Apocalipse significa tirar o véu e para muitas religiões, como o cristianismo e o judaísmo, têm o sentido de revelação divina. O isolamento, em decorrência do possível contágio pelo covid-19, nos obriga a olhar para quem somos e para as nossas escolhas, sobretudo, a selecionar o que de fato importa, pois o que sobrou, neste exato momento, é a nossa essência e é exclusivamente com ela que teremos de lidar nesses dias: com a luz e com as sombras.


O médico e criador da abordagem da Consciência Sistêmica, Fernando Freitas, têm falado sobre a atual crise, e acredita que ela provocará profundas mudanças, tanto no nível individual quanto coletivo. Na opinião dele, “uma crise dessas revela as fraquezas e os problemas que cada estrutura tem”, seja um setor, uma empresa, um país ou um indivíduo. Ou seja, a pandemia revela o que estava embaixo do véu, sendo mais explícita, desvela problemas anteriores ao novo coronavírus.


Diante dos novos desafios, a quarentena nos deixa uma importante pergunta e é com ela que finalizo o nosso diálogo: O que é mais importante para você hoje?


Desejo que, quando pudermos abrir os portões de nossas casas, quando pudermos voltar a caminhar pelas ruas, tenhamos aberto antes os nossos corações, para um sentir mais humano, solidário e amoroso.